sábado, 21 de junho de 2014

Tudo acaba onde começou...PARTE I - CICLO 26 - ETAPA II - Me deixe viver

Nesse exato momento estou me preparando para abrir o ciclo de 26 anos. Para isso, irei começar recebendo ele mergulhando dentro de mim.  
O ritual de passagem se iniciará em um cruzamento da Lapa, neste acendei a vela preta - simbolizando o escuro da onde se começa a enxergar a luz. Nesta vela acenderei a vela Vermelha - acendendo o que de mais interno habita em mim. Nesta vela vermelha queimarei a carta que contém o segredo mais obscuro e dolorido da minha vida. Levarei as cinzas comigo e a vela vermelha apagada. Esta será usada na próxima etapa.


"As primeiras horas, antes do amanhecer, me entregarei aos impulsos da lua. Ao que a mais vivo estiver dentro de mim, estarei aberta para receber. Quero que seja pura diversão, ir a boemia com os amigos. Curtir a noite, embala-la até o amanhecer, sem medos, sem regras alheias, só com todo o AMOR que posso oferecer ao mundo. Transbordarei o vaso até que ele seque."



C�ntico negro

Jos� R�gio


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os bra�os, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(H�, nos olhos meus, ironias e cansa�os)
E cruzo os bra�os,
E nunca vou por ali...
A minha gl�ria � esta:
Criar desumanidades!
N�o acompanhar ningu�m.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre � minha m�e
N�o, n�o vou por a�! S� vou por onde
Me levam meus pr�prios passos...
Se ao que busco saber nenhum de v�s responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os p�s sangrentos,
A ir por a�...
Se vim ao mundo, foi
S� para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus pr�prios p�s na areia inexplorada!
O mais que fa�o n�o vale nada.

Como, pois, sereis v�s
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obst�culos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos av�s,
E v�s amais o que � f�cil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes p�tria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e fil�sofos, e s�bios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e c�nticos nos l�bios...
Deus e o Diabo � que guiam, mais ningu�m!
Todos tiveram pai, todos tiveram m�e;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que h� entre Deus e o Diabo.

Ah, que ningu�m me d� piedosas inten��es,
Ningu�m me pe�a defini��es!
Ningu�m me diga: "vem por aqui"!
A minha vida � um vendaval que se soltou,
� uma onda que se alevantou,
� um �tomo a mais que se animou...
N�o sei por onde vou,
N�o sei para onde vou
Sei que n�o vou por a�!




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